PINTURA

No ano de 1967, uma escultura de autoria de Abraão Assad teve um impacto profundo em Rogério Dias. Essa escultura apresentava o tema de um bando de pássaros. Logo após esse encontro, reminiscências de sua infância começaram a ressurgir. Naquela época, sua casa abrigava um viveiro de pássaros, e essas lemórias o inspiraram a criar objetos rústicos. Ele construía esses objetos a partir da junção de pedaços de madeira amarrados, sobre os quais acrescentava representações de pássaros na parte central. Com o tempo, ele evoluiu para a criação de figuras de pássaros isolados, dispensando a base, utilizando madeiras diversas, caixetas, sementes de brejaúva e cortiças.
A partir desse ponto, as aves tornaram-se um elemento cada vez mais frequente em sua obra, eventualmente se tornando o tema central. Em 1977, Rogério Dias realizou sua primeira exposição individual. Essa exposição, lançada em 16 de setembro pela Galeria de Arte do Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, apresentou colagens monocromáticas feitas a partir de embalagens de papel kraft. À primeira vista, essas obras sugeriam voos de pássaros, mas, na realidade, representavam fragmentos do corpo humano, criando imagens oníricas e misteriosas. Essas imagens evocavam memórias de sensações e situações vividas ou sonhadas.
Na década de 1980, Rogério Dias realizou a marcante exposição “Caxa de Bixo: O Triunfo do Underground Curitibano” na Fundação Cultural de Curitiba. Nessa exposição, ele propôs trabalhos reciclados, bichos ecológicos e nus eróticos, construídos com restos de materiais. Os pássaros já haviam se tornado uma parte essencial de sua obra nesse período e ganharam ainda mais destaque quando ele começou a retratar naturezas-mortas, frequentemente associadas a aves.
Rogério explicou: “Eu estava trabalhando em um quadro, fazendo um padrão, e aí apareceu um padrão que me lembrava um passarinho, e comecei a pintá-los. A partir daí, comecei a fazer os pássaros, que se tornaram uma marca registrada do meu trabalho.”
O afeto dos habitantes de Curitiba por Rogério Dias e a marca que o artista deixou no movimento cultural local podem ser resumidos nas palavras da poeta Alice Ruiz: “Curitiba é ecológica por causa de Rogério Dias. Aqui tem passarinhos para ver os passarinhos de Rogério.”